quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Querido diário,

Não coloquei meu guarda-chuva na mochila e nem usei moletom.
Essa chuva precisa ser sentida.
Preciso saborear cada gota que tocar meu corpo, desse jeito saberei como prosseguir em meio a essa tempestade que modificará tudo o que eu sei sobre a vida.
Sinto saudades de alguém que não existe mais, uma saudade desnecessária.
Não desviarei o caminho, preciso encontrar-me com o que me reprime.
Olá, medo.
Adeus, incerteza.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Querido diário,

Abdico-me de todo o tipo de dor e sentimentos ruins em que posso me prender.
Abdico-me de qualquer lembrança que me leve as ruínas de algo que jaz no passado.
Enquanto dormia de tarde, sonhei com uma garota fugindo do seu futuro.
Ela precisava casar-se com um homem mal, uma figura nobre, porém carrasca. Alguém que destruiria toda a meiguice e amor que existiam na garota do chapéu bonito.
Quando eu corri com ela e o seu pai em busca de um esconderijo, eu pensei:
E se ela ficar e casar com esse homem? O que será do seu futuro?
Talvez eu e seu pai nos precipitamos em intervir naquela decisão, mas ela parecia tão assustada que talvez essa fosse a melhor escolha: fugir.
A pior parte de tudo é que eu nunca a verei de novo e nunca saberei o que acontecerá de agora em diante, só me resta imaginar... Ou sonhar outra vez.

sábado, 31 de agosto de 2013

Querido diário,

Quem atiraria a mesma pedra duas vezes e não se cansaria até conseguir rachá-la e enfrentar a nostalgia que rodeia as calamidades da morte?
Seria possível encarar o espelho rachado, a água turva, o olhar sofrido de algum desconhecido que anseia por um ombro amigo sem um pingo de dor?
Ou aceitar os balões com confete caindo em cima de nossas cabeças, introduzindo pensamentos fúteis sobre: o que comer amanhã? O que inventar para a mãe? Ou naquela cachoeira oculta no meio da floresta.
Não quero uma sombrinha nova, nem aceito um pedaço de bolo.
Só quero alguém que expulse os demônios que eu carrego nas costas, e assim voaremos felizes, como andorinhas, livres e capazes de realizar desejos ilimitados.
Preciso decodificar os códigos que envolvem minhas angústias.
Preciso de um café.
Adeus coração.

sábado, 17 de agosto de 2013

Querido diário,

Sim, eu estou perdido entre loucuras irreais e sofrimentos de ilusão.
Eu tenho tantas saudades, mas o universo conspira contra todas as formas possíveis de matá-las.
Não é que eu queira destruir sua vida, só quero que essa dorzinha que me atormenta passe, ou quem sabe diminua um pouco.
- Corte a sua raiz! - Alguém gritou.
Mas eu não tenho coragem de procurar por uma faca, ou algum objeto cortante. Eu nunca sei quando eles podem escorregar e cortar minha carne. Talvez eles estejam planejando um ataque ao meu corpo. 
E agora, quem poderá me salvar?
Maybe it's just a phase, it will pass.
Porém, no fundo todos sabemos que eu fui esquecido e que as minhas lembranças não passam de memórias póstumas e que ninguém nunca se importa e nunca se importou e nunca se importará e talvez se se importar nunca dirá e se um dia se importou essa importância jaz e se importa agora eu não sei e.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Querido diário,

Existe uma guerra na minha mente. Eu estou desarmado.
Não é um campo de batalha comum, como nos filmes e livros. É um lugar abstrato com cenas que fazem parte de mim, cenas da minha própria vida.
A luta nomeará um vencedor, mas existe um exército que não ficará satisfeito com a vitória.
Esse exército sou eu.
Meu coração está no comando, ele reorganiza as tropas com suas armas e enfrenta a minha consciência.
O que fazer quando tudo acabar? Escravizar os perdedores ou torná-los amigos?
A resposta está escondida em algum lugar além do riacho onde alguém espera pelo lado vencedor, optando pelo caminho sábio: o caminho da espera.
Todos esperam o sinal que dará início a guerra.
Avante, e que Deus nos proteja.

sábado, 27 de abril de 2013

Querido diário,

É difícil prosseguir em meio as ruínas de um antigo castelo, que outrora foi habitado por uma corte feliz e uma princesa sem sapo. Uma princesa destemida que lutava pela sua ascensão ao poder.
É fato afirmar que um erro ocorreu: o sapo ocupou o lugar de um príncipe. O sapo é o príncipe. Não existe certo ou "serto". As únicas parafernálias que vagam por entre as paredes do palácio são ecos. Gritos abafados pela dor do momento, pela agonia que os aristocratas passaram, pelo sofrimento da princesa indefesa que escovava os longos cabelos em frente a um espelho, observando suas lágrimas escorrerem ao som de uma música triste no rádio.
Ela queria ser a lua. Ela queria chegar à lua.
O destino se enrolou em uma árvore e afundou-se entre as raízes. A princesa sofria com a ideia de nunca mais poder sentir o gosto da vitória que tanto almejara.
Entre soluços ela correu para O Monte Das Amarguras, segurando entre o peito um pedaço do seu sonho.
Com o fim do crepúsculo ela se foi. Destruindo o castelo que somente existira em sua imaginação. Partindo então para outros sonhos, com o intuito de achar a verdadeira felicidade.
Por mais doloroso que seja, ela procurava pelo sapo, tentando salvá-lo do seu próprio egoísmo, tentando demonstrar afeto por algo.
O sapo evaporou-se.
Ela queria ser a lua. Ela queria ser feliz.

sábado, 16 de março de 2013

Querido diário,

Me recuso a falar de dores e coisas do passado.
Quero um suco de abacaxi e uma porção cheia de felicidade, por favor.
Andando pela chuva sem sombrinha, a água lavou e levou minha tristeza.
Afogou em algum bueiro e espero que fique por lá.
Deixa eu ser feliz por uns tempos.
Deixa eu viver sem insanidade.
Me deixa, estou bem.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Querido diário,

Quando perdemos algo precioso, procuramos por todos os cantos, desejando achar e desfrutar de um sentimento bom chamado alívio. Quando não, perguntamos, acusamos e, até mesmo, lembramos da última vez que o vimos.
 Objetos são coisas perceptíveis pelos sentidos, segundo o dicionário. Nós humanos também somos. Somos capazes de perceber o quanto algo faz falta e o quanto o queremos de volta.
 Sentimos absurdas saudades de tempos bons em que compartilhavamos coisas que não fariam sentido para algum estranho. Algo como risadas, brigas, lágrimas e outras coisas que somente o amor verdadeiro permite. Coisas que o tempo constrói e a morte destrói.
 A cessação da vida, a inquilina inconveniente. Aquela que leva o seu objeto mais precioso e o afunda em águas escuras e, por fim, te afoga também.