terça-feira, 13 de junho de 2017

Querido diário,

Rastejo pelo chão como uma cobra procurando minha antiga pele porque sinto saudades, mas ela não irá voltar ao meu corpo, ela virou pó.
Eu também,
Eles dizem do pó ao pó, mas esquecem das etapas que devemos percorrer até a decomposição.
E dói.
Rastejo pelo chão como um verme procurando alimento em outro corpo podre, porque sinto fome, mas o outro corpo não me alimenta, ele virou as costas.
Eu não.
Eles dizem coisas que eu não entendo porque vivo bêbado, e as palavras se perdem no ar.
Só dói depois.
E eu volto rastejando para minha oca.
Cobra rasteira, vida e morte, amor.