terça-feira, 7 de novembro de 2023

Querido diário,

Em uma despedida a gente nunca sabe se é um adeus ou um até logo.

Tudo é meio cinematográfico pra mim, a vida é um plano sequência do nascimento até a morte, mas se é assim, por que não lembro de tudo que vivi?
Lembro de flashes, cenas longas, outras curtas, algumas se destorcem e se tornam incoerentes, ou será que revivendo elas na minha mente da maneira que eu queria que elas tivessem acontecido é que as torno corretas? Confuso…
Ando sentindo pouco, e minto, porque na verdade eu sinto muito, mas escondo, de quem? De mim.
Queria tanto chorar um choro estranho que doesse a garganta e num grito eu expulsasse toda dor, tristeza e solidão contidas em mim, como se eu fosse uma cigarra que grita em árvores ou uma barragem rompida destruindo tudo que vê pela frente, que no caso: eu mesmo.
O sol brilha e cega, a noite entristece.
No rosto trago algo, não sei o que é, assim como todos os rostos aleatórios de estranhos na rua, quem são eles? O que elas querem? O que elus almejam? Quais são seus sonhos, planos, datas, amores, desejos, medos? Já esqueci todos os rostos, mas sei que irão ocupar meus sonhos, como figurantes.
Ele era meu sonho, mas eu acordei.
Será que as pessoas também fazem isso comigo? Me observam assim?
A lifeless face that you’ll soon forget.
Cantei ontem e muitos me elogiaram, isso me fez acreditar que estou no caminho certo, que minha arte e meu canto atravessa e toca o outro, o que pra mim é tudo.
Em preces peço proteção e paz a mim e aos meus, os que eu amo, e aos que não amo também, pois sou bom de coração.
Chorei ontem imaginando se um dia encontrarei alguém para chamar de amor. E eu irei.

Estou voltando pra casa, mas, na verdade, eu nunca nem fui embora.