sábado, 22 de abril de 2017

Querido diário,

Hoje ela está agressiva. Ela grita comigo de todas as maneiras possíveis. E dói ouvir o que ela diz.
Eu tento silenciar, mas ela é mais alta.
Não adianta cobrir as orelhas pois ela entra pelos meus poros e ri na minha cara.
Eu tento esvaziar as lágrimas, mas elas se recusam a partir.
No âmago eu sei que ela as contem: aprisionadas em um calabouço onde nem eu posso entrar, pois ela me prende em um poço muito mais fundo.
Espero poder livrar-me desta dor, destes insultos.
Feia: maldita: ninguém nunca te amará: eu repito para ela que repete para mim ad infinitum.
Despeço-me ambiguamente neste texto e aguardo por dias melhores.
Por favor, me deixe.